segunda-feira, 30 de novembro de 2015

LENDAS DOS ORIXÁS


A LENDA DE OXUM
Oxum era a filha preferida de Orumilá.
 A menina
 dos olhos de seu pai.
 Quando a menina nasce , seu
 pai lhe deu as águas doces e cachoeiras para
 governar.
 Lhe deu a benção sobre as mulheres,
 a fertilidade, o cuidado sobre o feto.
Oxum cresceu bela, meiga e mimada. Tinha o
 coração doce, mas cheia de vontades.
Quando estava na idade de se casar, os
 pretendentes logo apareceram às portas de
 Orumilá.
O primeiro foi Oxossi, o caçador.
 Ele trouxe lindas
 peles, animais e abundância.
Orumilá achou que a filha seria feliz com um
 homem que proveria a mesa e era um grande
 caçador.
E Oxum foi entregue a Oxossi, indo com o noivo
 para a sua floresta.
Em pouco tempo Oxum estava triste e deprimida.
Oxossi era forte, belo, vigoroso.
 Mas vivia pelas
 matas, buscando mais e mais troféus para os seu
 salão de caça. Além disso, Oxossi era de modos
 rudes e não oferecera sequer um pente e um
 espelho à noiva.
Chorando, Oxum mandou recado ao pai que
 encerrou o noivado.
O segundo pretendente foi Ogum.


 O grande general,

 o senhor dos exércitos de Oxalá.


 Era também um

 grande ferreiro.


Oromilá pensou que com melhor guerreiro, Oxum

 estaria sempre protegida.



 Assim, mandou a filha ir

 passar um tempo com o noivo.
Ogum também era forte, jovem, belo.
 Mas só
 pensava em guerra, estratégias, seus exércitos e
 suas espadas; era grosseiro e ríspido com Oxum e
 reclamava de sua vaidade que considerava um
 desperdício de tempo.
Oxum chorou mais uma vez e o pai a trouxe de
 volta.
Os pretendentes continuavam a chegar, mas Oxum
 recusava todos com medo de sofrer novamente.
Um dia um homem pediu abrigo às portas de
 Orumilá - era pobre, um andarilho.
 Orumilá iria
 dispensá-lo, porém Oxum compadeceu-se do
 peregrino e pediu ao pai que o recebesse.
O homem banhou-se e ganhou roupas limpas,
 comeu, bebeu, descansou.
Em agradecimento, fez uma trova que dedicou a
 Oxum.
Quando a princesa ouviu, ficou encantada e
 mandou chamar o andarilho.
O homem lhe recitou mais versos, contou-he
 histórias, até penteava os cabelos de Oxum,
 enquanto lhe cantava trovas.
Um dia, o peregrino precisou ir embora.
Oxum chorou, implorou ao pai que impedisse a
 partida do homem, contudo Orumilá não podia
 prendê-lo, sendo que nada de mal fizera.
Oxum chorou muitas noites, olhando a lua,
 sentindo falta do humilde trovador.
Orumilá, querendo ver a filha esposada, cansou-se
 do choro de Oxum e mandou reunir os melhores
 partidos para que a filha escolhesse um marido.
Orumilá deu uma grande festa, mas Oxum, amuada

 em seu canto, não comia nem sorria, não queria

 saber de ninguém.


Então, Orumilá exigiu que a filha escolhesse seu

 marido logo, ou então, ele, seu pai, o faria.
Oxum, tremendo, olhava por entre os homens e
 nenhum deles a agradava.
 Eram ricos, poderosos,
 alguns até belos e fortes, mas nenhum lhe falara ao
 seu coração.
Então ela viu, entre os convivas o andarilho 
trovador. Oxum correu até o homem, levou-o até ao
 pé do trono de Orumilá e pediu que cantasse.
O andarilho cantou, declamou lindos poemas, todas
 para Oxum.
A princesa, em lágrimas, disse ao pai que ele era o
 marido que ela desejava.
Orumilá, os convidados e toda a corte riram, onde
 já se vira, a filha do rei casar com um mendigo!
Oxum insistia, defendendo o peregrino contra o
 desdém dos demais.
Então um grande trovão soou e o peregrino foi
 atingido por um raio.
Para grande surpresa e espanto de todos, o
 mendigo transformou-se em Xangô, o senhor da
 Justiça, o maior juiz de Iurubá.
Orumilá perguntou-lhe por que ele não se
 apresentara como realmente era, desde o início.
Xangô explicou que não queria apenas o corpo, nem
 o dote de Oxum, queria uma mulher que fosse justa
 como ele, por isso, disfarçou-se de andarilho
 preferindo conquistar o coração da mulher pela
 arte e sensibilidade.
 Ele agora tinha certeza de que
 Oxum era a sua rainha verdadeira, pois ela o
 amava por suas qualidades e não por sua realeza
 ou dotes físicos.
Orumilá abatido pela sabedoria de Xangô, deu-lhe
 a mão de sua filha.

Xangô levou Oxum para o seu reino, em Oyó, onde

 ela foi coberta de carinhos dengos, sedas, doces e

 brinquedos.


 Xangô cumulou-a de bondade, amor e

 mimos e tornou-a também a rainha do ouro, da

 prosperidade.


Oxun nunca mais chorou de tristeza, só de emoção,
 e aprendeu a cantar todas as trovas de Xangô, a
 quem jamais deixou.
Claudair  Chaves

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